Os juros futuros terminaram a terça-feira de lado, com viés de alta em alguns contratos, numa sessão novamente limitada pelas expectativas em torno das decisões de política monetária do Copom e Federal Reserve amanhã, uma vez adiada para abril a apresentação do novo arcabouço fiscal. A curva ensaiou uma melhora no período da tarde, quando chegou a oscilar em leve baixa, mas o alívio foi limitado, com as taxas voltando para os ajustes anteriores. Nem mesmo a forte correção no segmento de Treasuries conseguiu dar uma direção firme. A falta de apetite para os negócios transpareceu também no leilão de NTN-B do Tesouro, com lotes menores tanto em termos de volume quanto de risco para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,02%, de 12,98% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,08% pra 12,12%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,43%, de 12,44% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029, em 12,91%, de 12,89%.

Embora um pouco acima do registrado ontem, o volume de contratos negociados continuou abaixo do padrão dos últimos 30 dias, uma vez que o investidor prefere aguardar pela sinalização dos bancos centrais amanhã. “O mercado esteve de lado, esperando pelo Fed e pelo Copom”, resumiu Marcos Iório, gestor da Integral Investimentos, que acredita tanto na manutenção da Selic em 13,75% quanto no tom do comunicado da última reunião, com as variáveis de risco ainda apontando em ambas as direções.

Se de um lado, desde o Copom de janeiro, a perspectiva de apertos monetários agressivos pelos BCs refluiu – até pelo abalo gerado pelos problemas nos bancos -, por outro as expectativas de inflação pioraram, se afastando ainda mais das metas. “Apesar das pressões do governo por corte da Selic, o comunicado deve ser mantido”, disse Iório. E a postergação do anúncio do arcabouço só reforça a ideia de que não deverá haver grandes mudanças. “Quando sair e for crível, aí pode abrir espaço para alteração”, previu.

Desde ontem, o mercado já tentava se ajustar à possibilidade de a nova regra não sair antes do Copom, mas a movimentação do governo indicava que sairia nos próximos dias. De acordo com Lula, o marco fiscal será divulgado apenas após a viagem à China, que começa neste fim de semana e da qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará parte, e não teria disponibilidade para discutir e explicar o teor da proposta.

Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast/Estadão, o presidente adiou a divulgação para a definição sobre o incremento dos gastos com saúde e educação.

As taxas chegaram a ensaiar uma melhora no meio da tarde, tocando mínimas e com queda moderada na ponta longa, atribuída à informação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que Lula aprovou os nomes apresentados por Haddad como indicação às diretorias de Fiscalização e Política Monetária do Banco Central. No último dia 10, Haddad havia dito que sugeriu a Lula nomes de perfil acadêmico, técnico e de mercado.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro vendeu 940.850 NTN-B, da oferta de 1,05 milhão. Enquanto os lotes mais curtos, de 750 mil e 150 mil para 2026 e 2033, foram absorvidos, não houve demanda integral pelos 150 mil títulos para 2050. Na semana passada, a instituição havia vendido 1,481 milhão de títulos