07/12/2022 - 7:00
O conflito na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai ganhar um novo capítulo na próxima semana, que promete acirrar a briga que eclodiu desde a eleição de Josué Gomes da Silva para presidir a entidade. Representantes de 86 sindicatos conseguiram marcar para as 14 horas da próxima segunda-feira uma assembleia-geral para afastar o atual mandatário. O movimento é um desdobramento de uma disputa que começou durante as eleições presidenciais.
Um observador do embate na Fiesp afirma que a queda de braço joga luz sobre os chamados “sindicatos de gaveta”, que têm pouca ou nenhuma representatividade, mas acabam sendo úteis para fins políticos. As assinaturas para a reunião partiram de sindicatos menores, com as grandes entidades ficando de fora.
Por trás do “levante” está Paulo Skaf, que comandou a Fiesp por 18 anos. Pouco antes das eleições, a Fiesp foi signatária de uma carta a favor da democracia. O apoio ao documento foi visto como um aceno da instituição ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Josué é filho de José Alencar, vice nos dois mandatos anteriores do petista.
Após a divulgação da carta, Skaf, que não havia se posicionado no primeiro turno, se manifestou favorável à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotado.
Maior e mais forte entidade empresarial do País, a Fiesp reúne 131 sindicatos filiados, divididos em 23 setores produtivos, que representam por volta de 150 mil empresas do Estado de São Paulo.
IMPEACHMENT
Para uma pessoa que acompanha a disputa, Josué estaria em uma situação difícil, e as chances de um impeachment são reais – é preciso metade dos votos dos filiados para afastar o presidente. Ele, porém, não está parado: Josué é assessorado pelo jurista Miguel Reale Júnior para tentar encontrar brechas legais para barrar a tentativa de afastá-lo do cargo. Um ponto que é analisado pela equipe do jurista é se a convocação para a assembleia cumpriu os prazos do estatuto da entidade.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, disse que o movimento neste momento “está totalmente fora do razoável” e que “a entidade deveria estar convergente para se construir uma proposta de mais competitividade para a indústria”.
Procurada, a Fiesp não comentou o caso.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.